Alicja Kostka

Quais as experiências que o moldaram como mulher?

Para mim foi, sobretudo, a experiência de beleza e complementação que pode ter lugar entre as pessoas, entre homem e mulher, e que leva ao crescimento da pessoa e da personalidade. Sempre fui fascinada pelo potencial de criatividade e cooperação fecunda. Intuitivamente tomei um caminho que visava um complemento mais espiritual. Foi sempre um prazer para mim experimentar o quanto podemos dar uns aos outros nas diferentes formas de percepção e complementação de capacidades. A atração natural que existe entre os sexos tornou-se uma alavanca para a alegria da complementação.

Esta complementação também encontrou expressão em muitos projetos que realizo e levo adiante. Entre outras coisas, cito a longa colaboração com o Irmão de Maria, Lambert Schrödter (+2014), concentrada na pessoa de José Engling, além disso em retiros e peregrinações, que organizei em cada caso com sacerdotes, bem como no trabalho científico com colegas, quando projetamos e organizamos simpósios. Em todos os lugares pude experimentar a alegria de refletir em conjunto. Esta visão comum e a ação conjunta de mulheres e homens revela-se muito positiva para o resultado final.

Onde na sua vida experimentou Deus?

É surpreendente quando olho para a minha biografia como Deus me conduziu através de fases individuais da minha vida e continua a conduzir-me. De um lado, trata-se da condução externa através da qual entrei em contato com pessoas e lugares que eram importantes para a minha vocação, na verdade, foram determinantes. De outro lado, Deus falou através do desejo que Ele colocou no meu coração.  Deixar-se conduzir e envolver pelo anseio de ir para lá onde Deus já me espera é bem caraterístico da minha experiência de Deus.

A experiência de Deus também me foi dada através de Maria. Nos lugares de peregrinação para onde eu gostava de ir, aqui sobretudo Ditrichswalde na minha terra natal em Emland, em Niepokalanow (“Cidade da Imaculada”), fundada por São Maximiliano Kolbe, e em Czestochowa, encontrei o meu caminho para Maria. Em Schoenstatt esta experiência e vinculação a Maria se intensificou e se desenvolveu, tornou-se mais íntima e mais viva. A experiência de ser guiada encontrou uma explicação teológica e um aprofundamento existencial na espiritualidade de Schoenstatt na fé prática na Divina Providência.

O que vê hoje como o desafio para as mulheres?

Como desafio, vejo que as mulheres de hoje conhecem, afirmam e desenvolvem as suas forças femininas e que é precisamente com as suas forças que dão um contributo decisivo para a formação da sociedade, da Igreja e da cultura. Muitas vezes estes valores não são notados à primeira vista, tais como a percepção da atmosfera na conversa ou numa sala, a compreensão mais profunda das necessidades das pessoas. Observando com mais atenção, estas capacidades se revelam bastante “importantes para o sistema”, ou até mesmo, “necessárias para o sistema”. Entre os pontos fortes da mulher está a “relação pessoa a pessoa” da mulher, a sua sensibilidade espontânea para com as pessoas, o sentimento pela vida e o seu cuidado integral. Especialmente numa época em que estamos no processo de pensar e agir de forma mais ecológica e, portanto, mais integral, estas qualidades e capacidades das mulheres são cada vez mais solicitadas. A este respeito, um aspeto particularmente essencial, que o Padre Kentenich chama “inspiração” e que interpreto da seguinte forma: prestar atenção à dimensão espiritual das pessoas, das coisas e dos processos nos encontros, conversas e decisões.

O que quer mudar no mundo através de sua vida?

Quero me basear nas fontes mais profundas do ser e do agir femininos. Aqui a Mãe de Deus é especialmente um modelo. Ela se comprometeu plenamente com o Deus vivo. Ela não tinha muito a oferecer além do seu ser mulher.  Ela usou isto no jogo decisivo da história da Salvação da humanidade. O Papa Francisco fala de Maria, que ela iniciou uma revolução em Belém, a revolução do amor terno, que mudou para sempre a história da humanidade. Desejo contribuir para continuar esta revolução, justamente como mulher, em Aliança com Maria e apoiada por ela.