43 anos; Dipl. Assistente social / Pedagoga; Alemanha
Senhoras de Schoenstatt
As primeiras experiências são, evidentemente, já na infância. Eu tenho uma mãe que gosta de ser mulher e vive a sua feminilidade com consciência e alegria. Ela e a minha irmã mais velha influenciaram fortemente a minha imagem de mulher: ser fiel às convicções próprias, aceitar a si mesma, ser benevolente para com os outros, curtir a vida e moldá-la conscientemente, tomar as próprias decisões e deixar-se amoldar pela vida, por outros e por Deus para encontrar e trilhar meu próprio caminho de vida original.
Eu tive contato com Schoenstatt ainda muito jovem. Desde 1989, a Juventude Feminina de Schoenstatt me acompanhou e formou intensamente. Nesse espaço protegido, pude desenvolver-me totalmente como jovem.
Na adolescência, tornei-me muito tímida e insegura; através dessa comunidade e das atividades que participava com a juventude, consegui desenvolver confiança em mim mesma e autoestima. Pude conhecer-me melhor e aceitar-me assim como sou. A experiência do encontro “coroa viva” no ano 2000 representa uma vivência fundamental na minha vida e também no meu ser mulher. Foi um acontecimento que me fez crescer mais na feminilidade de Nossa Senhora. O processo que gerou o “coroa viva” no seio da Juventude Feminina daquela época tornou-se também uma experiência que me fez crescer no Fiat de Nossa Senhora e que ainda continua. Aquela que disse SIM a Deus em sua vida, o SIM para que Ele possa agir em y com Ela e por meio Dela chegar às pessoas.
A primeira experiência de Deus também ocorre na minha infância: Sempre íamos à Eucaristia na Igreja de nossa pequena cidade nas noites de sábado. Muitas vezes eu já estava com muito sono e me aconchegava no colo da minha mãe, esperando ansiosa o delicioso jantar depois da missa.
Como família, sempre preparamos uma comida gostosa depois da missa, como todos fazem aos domingos. Para mim isso era sinônimo de segurança, de amor: este entrelaçamento entre a missa, com suas canções e orações, o belo ambiente na Igreja seguido de um delicioso jantar em família.
Através dos encontros comunitários na Juventude Feminina pude experimentar Deus de muitas maneiras diferentes. Em particular, as horas de adoração à noite no Santuário ou na
capela do nosso centro juvenil na casa Sonnenau, entraram na minha alma e deixaram traços profundos de Deus em mim. Geralmente, fazíamos adoração noturna para preparar celebrações ocasionais. Eu gostava de tomar as horas noturnas mais difíceis, entre o sono e o despertar. Estar sozinha diante do tabernáculo aberto sempre me comoveu profundamente.
A união com Jesus no santuário me deu tranquilidade. Em alguns momentos difíceis da juventude, essas horas ocasionaram paz ao meu coração. Trouxeram frequentemente alívio de uma profunda inquietação no meu caminho de busca; pelo menos até à próxima tempestade.
E hoje cada visita a um santuário é uma experiência de Deus para mim, um retorno aos braços de Nossa Senhora.
É muito difícil ser mulher hoje e acho que é ainda mais difícil do que na minha juventude chegar a ser uma mulher. Quando experimento o nosso Movimento de Juventudes de Schoenstatt, fico feliz e grata por ele oferecer uma maneira de ser mulher para meninas e jovens e enfrentar hoje com coragem este desafio.
Existem tantas opções para mim, como mulher, de seguir qualquer uma das minhas inclinações e me perder de vista no processo. Tudo é correto hoje; em que ainda podemos nos apegar ou orientar? As diferenças entre ser mulher e ser homem são algo que algumas pessoas já não querem nomear: Qualquer pessoa pode ser qualquer coisa. O que é com certeza importante e certo para alguns indivíduos é por vezes apresentado como se isso fosse a norma para todos.
Como nos posicionamos sobre a diversidade, sobre os transexuais, sobre o “movimento queer”…?
Como posso querer ser completamente mulher quando o gênero é reduzido a uma impressão ou construção social, quando as identidades de gênero não devem ser delimitadas umas das outras e seu significado está supostamente mudando constantemente devido ao equilíbrio de poder em uma sociedade, como se auto define o “movimento queer”?
Portanto, pode ser incrivelmente libertador um grupo de mulheres juntarem-se com ideias semelhantes dialogando sobre o que significa ser mulher hoje; assim como poder ler e discutir em conjunto textos de nosso Fundador, o P. Josef Kentenich, que mesmo então – nas décadas de 1920 e 1930 – rejeitava papéis estereotipados.
Ele falava de um “mais”, de um “plus” para as mulheres: Só posso falar aqui de um forte “plus” ou um forte “mais”; porque todos os valores que as mulheres têm, os homens também têm. E vice versa: é apenas um “mais”. O P. Kentenich mantém o carácter original do homem e da mulher e oferece nos seus escritos e palestras uma grande orientação sobre o ser mulher. Essas conversas e leituras conjuntas foram extremamente importantes para o meu caminho como mulher na minha juventude e ainda o são.
O meu trabalho é a minha vocação. Eu quero partilhar Cristo presente no meu coração com as pessoas que encontro. Uma breve oração que sempre repito na minha vida cotidiana diz: “Jesus, toque o coração das pessoas através de mim”.
Ao longo da minha vida, do meu dia a dia, que é tão normal como imperfeito, vivendo com Jesus, quero mostrar que Ele está realmente aqui neste mundo. Eu gostaria de lembrá-lo e dar-lhe a oportunidade de trabalhar na minha vida e de alcançar outras pessoas através da minha vida.
“Para Deus, nada é impossível.” (Lc 1,37) Esta declaração feita pelo Anjo na Anunciação de Maria é para mim uma constante promessa e encorajamento de que Deus deseja e realizará grandes coisas com a minha vida, mesmo que eu não as consiga reconhecer.
O meu desejo e meu empenho é que as pessoas sintam e experimentem o amor de Deus através de mim: através de uma atmosfera benevolente, através da amizade e do reconhecimento. E que as pessoas ao meu redor possam crescer e se desenvolver e talvez assim descobrir a grandeza que é Deus nas suas vidas, em si mesmas.