Elizabeth Robles Field

Nascida em 1964 na Costa Rica. Casada com Alejandro, três filhos. Farmacêutica, formada na Universidade da Costa Rica. Responsável pela gestão de qualidade no negócio da família, onde trabalha com o marido que é o chefe da empresa. Ela e o marido são membros da Federação das Famílias da Costa Rica.

Que experiências a formaram como mulher?

Um dos fatores decisivos que me formou como mulher foi a dádiva de ter uma mãe exemplar. Uma mulher que se desenvolveu, de maneira extraordinária, numa fé vivida no seu papel de esposa, mãe, mulher trabalhadora e intelectual – e tudo isto num período que foi, em geral, difícil para as mulheres.

A minha profissão de farmacêutica e a empresa, fundada pelo meu avô e que a minha mãe fez crescer, permitiram-me viver e exercer o meu papel quer profissionalmente quer como mãe. Pude cumprir os meus deveres profissionais sem nunca ter de sacrificar tempo e atenção para os meus filhos, porque pude estar sempre com eles.

O meu marido também contribuiu para que me tornasse cada vez mais mulher – se é que se pode falar de estádios de crescimento em feminilidade – e para que amadurecesse interiormente como pessoa. Ele é meu fã, meu confidente, meu amigo, meu complemento, o companheiro incondicional da minha vida desde os meus 17 anos. Recentemente tornou-se também meu colega no trabalho, e enfrentamos juntos, dia após dia, a tarefa difícil de fazer progredir a empresa.

E é claro que também os meus três filhos me formaram, ou melhor, o facto de ser mãe e ter a missão que Deus me confiou de cuidar destas três vidas. Isto significou que tive de me reinventar constantemente, especialmente quando tinha de lhes mostrar o caminho da fé. Agora são eles os meus professores em muitas áreas.

Também fui formada pelas muitas comunidades que Schoenstatt nos deu. E, finalmente, pelas muitas pessoas que conheci e com quem pude viver ao longo da minha vida: a minha irmã, a minha filha, os meus dois filhos, as minhas amigas, as mulheres do meu curso da Federação das Famílias, o meu director espiritual – todos eles modelos heroicos que constantemente me desafiam e me ensinam, desde coisas ao nível da culinária até outras a nível profissional e intelectual.

Onde experimentou Deus na sua vida?

Há 13 anos que ando a caminhar pela mão do Padre Kentenich na sua terra de Schoenstatt e sinto que sou a sua filha preferida. Pela maneira como Maria se manifestou em diferentes períodos da minha vida, posso dizer hoje que experimentei Deus através de “três Marias”: Maria “da Bonita Decoração”, Maria “do Rosário” e Maria “da Aliança de Amor”.

Maria “da Bonita Decoração”

Quando os nossos filhos eram muito novos, a minha maior dúvida era se seria capaz de os criar para serem bons homens e mulheres, protegidos dos perigos da sociedade. Começámos a visitar um grupo “ecuménico”. Lá tive um encontro kerigmático com Jesus que mudou a minha vida para sempre. Apaixonei-me por Ele e pela Sua palavra, e confiei que Ele criaria os meus filhos por mim. Com um grande sentido de responsabilidade e paixão, agarrei na tarefa de trabalhar com todas as minhas forças para que os meus filhos se tornassem homens e mulheres de fé, que a sua vida encontrasse o seu centro em Jesus.

Maria estava presente na minha vida através do Presépio ou de um postal enfiado numa gaveta. Ela era uma decoração solene, com muito simbolismo e que embelezava a nossa casa … mas era apenas mais uma decoração. Tenho boas recordações de pessoas desse tempo que admiro. No entanto, o meu marido e eu tomámos a difícil decisão de nos separarmos do grupo porque nos demos conta de que tínhamos deixado quase todos os nossos costumes católicos por causa de um “ecumenismo” mal compreendido. Depois da nossa saída decidimos aprofundar os nossos conhecimentos sobre a Igreja e amá-la incondicionalmente,  

E foi então que Schoenstatt entrou nas nossas vidas. Fizemos a experiência de um tempo de pré-fundação na Costa Rica, durante o qual oferecemos contribuições para o Capital de Graças para construir “um santuário”. O santuário à beira do caminho em Villa Bonita de Três Rios foi testemunha do início: dez anos com muitas vigílias matinais oferecidas pelo tão ansiado santuário.

Em mim cresceu um amor profundo e fervoroso pelo rosário; tornou-se, por assim dizer, a minha arma de oração. A partir da minha convicção interior, Maria “do Rosário” entrou na minha vida e gradualmente conquistou o meu coração. Embora nunca tivéssemos deixado de ir à Missa, juntos em família, durante o período do ecumenismo, entristecia-me que os nossos filhos tivessem crescido na fé sem Maria, a Mãe de Deus. Durante muito tempo senti uma dor profunda no meu coração por causa do nosso pequeno grande erro. Através do rosário pedi a Nossa Senhora para, de alguma maneira, reparar isso. E pedi que ela se tornasse parte da fé dos meus filhos, para que pudessem viver plenamente a fé católica.

E bem depressa Maria “da Aliança de Amor” entrou na minha vida – a Maria da grande transformação. O Padre Kentenich tornou-se meu pai, guiou-me no amor e na sabedoria e deu-me o grupo “Chapeadores de Maria”, a Aliança de Amor, o Ideal Pessoal, o Ideal de Matrimónio e uma nova comunidade na Federação das Famílias: o Curso Fidelitas. E, através da Aliança de Amor, Deus deu um sentido novo e uma nova plenitude à minha vida – à nossa vida – porque, ao longo do tempo, a MTA conquistou cada um dos nossos filhos com suave força.

As “três Marias” transformaram-se – como uma luz brilhante que atravessa um prisma – em três pequenos e grandes ideais para mim:

Maria “a da Bonita Decoração”, que me inspira a imitar o seu Sim na hora da Anunciação, a ser instrumento para aqueles que Deus me confia e que cruzam o meu caminho; Maria “ a do Rosário”, que, tal como em Caná, reza, intercede e confia por outros; e Maria “a da Aliança de Amor”, que recebe e espera o Espírito Santo e nos envia para o mundo com o seu fogo, para que cada dia possa ser Pentecostes.

O que vê como um desafio para as mulheres de hoje?

Há um comentário interessante de um filósofo que diz que, se se quer avaliar o estado moral de uma sociedade, deve-se estudar primeiro as mulheres dessa sociedade. Isso daria uma boa indicação do nível moral dessa sociedade. A mulher é a construtora-mestre e o fulcro, a pedra base da sociedade.

A salvação da humanidade, isto é, Cristo, veio através de uma mulher. Como mães, esposas e mulheres trabalhadoras, os homens e mulheres chamados a formar a sociedade passam pelas nossas mãos, o seu caminho passa, por assim dizer, pelas nossas vidas. Como podemos ler muito claramente na Bíblia, as mulheres podem ser instrumentos do bem – ou do mal. Quando os nossos olhos se voltam para Maria, ela será o exemplo ideal de que precisamos para conduzir ao bem. O desafio para nós é ter consciência da nossa responsabilidade e também do poder que exercemos, especialmente no seio da nossa família, com os nossos filhos, mas – não menos importante – também na esfera profissional. Podemos ser um tropeço ou uma fonte de bênçãos, quando usamos – ou não! -, as nossas capacidades para moldar, guiar e inspirar homens e mulheres que possam sonhar e voar tão alto quanto Deus permitir, que possam ser pontes para o céu. Nas nossas mãos temos a chave para as batalhas que, neste momento, temos de travar como sociedade.

Que nenhuma vida passe pelas nossas mãos sem que sejamos instrumentos de bênção, tal como Maria.

O que quer mudar através da sua vida neste mundo?

Gostaria que pudéssemos reconciliar as diferenças que existem entre cristãos católicos e todos os outros grupos. Os cristãos que crescem longe da fé católica estão a perder a grande riqueza da nossa Igreja. Permito-me uma analogia – com todo o respeito por aqueles que, por várias razões, não o experimentaram deste modo: há pessoas extraordinárias que vêm de famílias onde só o pai, ou só a mãe, esteve presente. Mas isso não quer dizer que seja a maneira ideal para uma criança crescer; é, antes, com um bom pai e uma boa mãe, tal como Deus quis. Esta é a grande riqueza, a sabedoria de Deus, e daí a diferença maravilhosa entre aqueles que crescem junto da nossa amada Igreja e aqueles que crescem longe dela.

Gostaria que nós – unidos no Espírito Santo – proclamássemos com seriedade o Evangelho a todos aqueles que não conhecem nem Cristo nem Maria. Como primeira iniciativa, devíamos conseguir a unidade das forças apostólicas dentro da Igreja, juntando os carismas dos vários movimentos e paróquias à volta da “mesa redonda da comunhão e colaboração” em todas as dioceses do mundo. Depois é uma questão de unir os outros grupos cristãos para a evangelização do mundo e, deste modo, para a realização do terceiro objetivo de Schoenstatt, tal como o Padre Kentenich o concebeu e sonhou.

A Confederação Apostólica Universal já não é só um sonho: o modelo da “mesa redonda” é um dom de Schoenstatt à Igreja e pode ser implementado em todas as dioceses do mundo.