Evadne Ann Kortje

Que experiências marcaram você como mulher?

O fato de haver sido educada por pais católicos e profundamente crentes. O seu incansável serviço  à Igreja e Paróquia me estimularam. Quando fomos crescendo, meus pais frequentemente nos deixavam sozinhos à noite para participar de reuniões na Igreja: reuniões da Legião de Maria e de catequese. Esta experiência, desde cedo me marcou sendo mais tarde eu também catequista e membro do Conselho Paroquial. Dentro da comunidade eclesial atuo a partir da fé e ensino o que eu mais valorizo neste mundo: a minha fé.
Eu tinha apenas doze anos quando meu irmão mais velho, Afonso, faleceu, o que fez nascer em minha alma a esperança e o grande desejo e pela vida eterna. Aos que expressavam suas condolências, eu respondia que não se preocupassem, porque um dia eu voltaria a ver meu querido irmão no céu. A partir deste momento  começou em mim uma vida marcada pela esperanca, era a força motriz de minhas ações,  a certeza de chegar um dia na vida eterna junto ao Pai celestial.
Quando comecei a frequentar a Universidade minha fé se consolidou ainda mais. Estava só. Stellenbosch era uma cidade desconhecida para mim e as pessoas que aos poucos ia conhecendo, nem sempre compartilhavam minhas conviccões. O unico que naquele tempo me era familiar, eram as celebrações litúrgicas da missa dominical. Saber que meus pais, a 450 quilômetros, também comungavam, era para mim um grande consolo.
Mas foi precisamnete neste lugar que o selo do Espirito Santo que eu recebi na confirmação realmente se manifestou.
Depois de meus estudos voltei a George, onde, mesmo possuindo dois títulos universitários,  estive desempregada durante um ano. Nos dois ultimos meses deste ano trabalhei em um recém inaugurado McDonalds de George. Apesar de minha boa formação, trabalhava como auxiliar de copa e no atendimento ao Drive -Trouhgth. Este trabalho me ofereceu oportunidade de fortalecer e exercitar aquilo que eu acreditava. Durante este tempo aprendi a humildade. Também desenvolveu-se em mim o sentido para a igualdade de todas as pessoas, independente de sua formação ou procedência. Quando comecei a trabalhar no tribunal de George, tive o privilégio de viver novamente com meus pais. Participar juntos da missa aos domingos era para mim tão importante como respirar. Meu pai era o unico leitor na missa, isto me impulsionou a ajudá-lo. Tornou-se um costume, ele fazia a primeira leitura e eu a segunda, a partir dali me tornei ministra da palavra, um trabalho que até hoje venho realizando. Minha transferência à Cidado do Cabo, aprofundou mais ainda a minha fé e também a dependência e confiança total na intercessão da Virgem Maria. Estas são algumas das experiências que me tornaram uma mulher de fé, esperança e amor.

Quando você experimentou Deus em sua vida?

Mencionei acima a morte de meu irmão, embora tenha sido uma experiência difícil, Deus em sua misericórdia, fortaleceu minha fé.
A forma como família tivemos que aceitar sua morte, nos conscientizou mais da onipotência divina.
Deus me presenteou experimentar seu atuar misericordioso quando, em um juizo se julgava um homem que abusara sexualmente sua sobrinha por muito tempo. Depois que o juiz havia pronunciado a sentença, o acusado quis falar com a vítima, sua sobrinha. Ela era de menor, sua tia e eu estávamos presentes. Este homem pediu perdão a sua sobrinha e ela o perdoou. Depois ela começou a chorar rompendo em soluços. A situação era tão emocionante que também a mim vieram as lágrimas. Senti como a misericordia de Deus estava atuando, a sobrinha perdoou ao seu tio o grave delito que havia cometido.
Em 17 de abril de 2020, fui promovida, depois de treze anos. Por falta de fundos algo assim era praticamente impossivel para nossa organização governamental. Sei que Deus estava comigo, que me concedeu sua graça e misericordia, através desta promoção.
O apoio incansável, as orações das minhas colegas do grupo de Schoenstatt, assim  como das Irmãs de Maria de Villa Maria e Constantia me presentearam a experiência da presença de Deus em minha profissão, que é minha vocação.

Qual é o desafio para uma mulher no tempo atual ?

Aceitar cada pessoa  como uma personalidade individual, como ela é. Muitas vezes sou criticada por minha religião, meu estado civil, minha cidade natal e minha língua materna, a Afrikáans.  As vezes me pego em flagro, quando aconselho outras mulheres  a seguir minhas convicções. Até mesmo quando aconselho a jovens, preciso cuidar de não ferir sua individualidade.

O que você deseja mudar neste mundo através de sua vida?

Quero viver uma vida autêntica, a vida que Deus previu para mim, Evadne. Como filha, irmã, como tia, como catequista, como ministra da Palavra e advogada. Quero combater a injustiça e um comportamento imparcial em minha família, na Igreja e na sociedade. Para alcançar isto, necessito abrir minha alma à condução do Espírito Santo. Recordo que uma vez comentei com Irmã M. Joanne minha incorfomidade com a absolvição de uma causa que eu havia defendido. Irmã M. Joanne me escutou e animou a permanecer fiel à minha vocação lutando pela justiça. Por isso quero continuar a rezar pelos outros e atuar com bondade, mesmo que seja somente por uma palavra animadora, e promover assim por minha vida, a justiça, a equidade e a igualdade para toda a criação.
Quero viver uma vida que reflete minha Aliança de Amor com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt.