Irmã M. Herta Einig

Que experiências a moldaram como mulher?

Uma boa experiência que me moldou intensamente foi o meu belo lar paterno e a oportunidade de conhecer outras famílias. A vida comunitária com as Irmãs de Maria também me ensinou muitas coisas. Aprendi a viver com diferentes Irmãs como numa família. Tudo isto ajudou-me a cuidar dos outros, aproximar me deles, a compreendê-los e a ajudá-los.
Em resumo, posso dizer que estou infinitamente grata e satisfeita com a tarefa na prisão que Deus me deu. Ele cumpriu um dos grandes desejos da minha juventude. A minha comunidade me apoiou muito nesta tarefa. Deu-me liberdade para poder agir e desenvolver-me no meu ministério quando queria começar a trabalhar na prisão. Quando organizei ações diferentes, ela confiou em mim e apoiou-me; se não fosse assim, não teria sido capaz de fazer nada.
Sempre considerei o meu ministério como uma forma de ajudar a Igreja e de difundi-la. Ela é mãe e quer estar perto de todos os seus filhos, especialmente daqueles que sofrem porque são privados da sua liberdade de filhos de Deus. A Igreja procura instrumentos para levar o amor misericordioso do Pai aos  irmãos e irmãs que sofrem.

Em que parte da sua vida já experimentou Deus?

Experimentei como Deus está especialmente próximo em dificuldades, quando enfrentamos grande sofrimento. Na fase atual da minha vida experimentei a proximidade especial de Deus na minha doença. Ele ajuda a carregar e a suportar.
Também experimentei a proximidade de Deus em muitas pessoas na prisão. Neste lugar, encontraram Deus e puseram as suas vidas em contato com Deus num processo lento. Me foi possível experimentar conversões. As pessoas foram fechadas no início, mas de repente começaram a abrir-se, pouco a pouco aproximaram-se de Deus, conheceram-no através dos ensinamentos da Igreja e através da proximidade humana, até que finalmente o conheceram e puderam aceitá-lo. Muitos confessaram, também me falaram do que queriam dizer ao padre. O padre pode dar o perdão, mas eu pude mostrar caminhos, aconselhar e acompanhar.

O que vê como o desafio para as mulheres hoje?

Que a mulher seja verdadeiramente mulher, materna, aberta a todos e não ditatorial…que mantenha uma certa medida no seu trabalho, que em todo o seu trabalho não esqueça da sua tarefa principal: a dedicação maternal e o esforço de construir família.
Hoje é difícil criar um bom lar, construir a família e educar as crianças. Muitas mulheres não experimentaram isto nas suas famílias e com as suas mães. Há muitas mães que não podem estar com os seus filhos porque têm de trabalhar para sustentar a família. São obrigadas a deixar as crianças nas ruas ou com outras pessoas. Por vezes sofrem o duro destino de suportar a infidelidade dos seus maridos.
É um desafio para as mulheres ser uma boa mãe e trabalhar ao mesmo tempo. A honestidade, o trabalho bem feito e aplicada também são valores e desafios.

O que gostaria de mudar neste mundo através da sua vida?

Há tão pouca experiência religiosa e união com Deus,  quero deixar uma mensagem de esperança – que todos se tornem amigos de Deus, confiem n’Ele, trabalhem para Ele e dêem-Lhe tudo… isso é o principal. Quando se confia em Deus, Deus ajuda. Precisamos de confiar que podemos fazer a diferença, com a ajuda de Deus e com a nossa própria força.
Desejo mais famílias cristãs, e que elas vivessem verdadeiramente como cristãos. Muitos andam por maus caminhos porque tiveram más experiências e porque não têm ninguém para os aconselhar, para os ajudar; por vezes devido à pobreza ou ignorância …
Deveria haver mais igualdade, que nos ajudemos uns aos outros, que todos tenham uma boa casa, um bom emprego, esposos fieis, mais oportunidades de desenvolvimento para todos. Algumas pessoas não têm boas oportunidades, não têm educação, não têm trabalho, não têm ajuda.